Ao passarmos pelas estradas que dão acesso ao sertão cearense em dois períodos distintos do ano, dois cenários são facilmente perceptíveis, um é triste e angustiante não só para o homem do campo, mas também para quem conhece minimamente a alma sertaneja, o outro mostra o semblante alegre e orgulhoso deste mesmo homem do campo por poder ganhar um pouco de dinheiro com o fruto do seu trabalho, ou como ele costuma dizer com o suor do seu rosto.
O primeiro período do ano a que me refiro é a estiagem -seca - quando o valente sertanejo, para não ver a família morrer de fome, obriga-se a ficar às margens das estradas na condição degradante de pedinte, situação essa que tem como principal motivação a omissão secular dos governantes que apesar decretarem estado de calamidade ou emergência para conseguir recursos do governo federal, sob a justificativa de que servirá para ajudar o sertanejo, sabemos que a maioria destes recursos não servirá ao propósito que motivou seu pedido, isto é este dinheiro jamais chegará ao homem do campo, pois dará apenas para ser rateado entre os parlamentares, os governantes e seus asseclas.
O segundo período é a temporada invernosa, quando o sertanejo começa colher os legumes que plantou, nessa época por força e ação única da natureza o homem do campo tem em abundância o milho, o arroz, o feijão e outros legumes que lhe possibilita alimentar com dignidade sua família e com o excedente ele vai novamente às margens das estradas, desta vez não como mendigo, mas como comerciante, vendendo aquilo que produziu e com o dinheiro ganho, compra a carne e outros produtos de primeira necessidade, orgulhoso por está mantendo-se e a sua família de forma digna e não degradante como ocorre nos períodos de seca.
Enquanto isso o ciclo secular da seca serve apenas como mecanismo para os governantes barganharem recursos que servirá apenas ao seu patrimônio pessoal e a compra dos votos necessários para que possam se perpetuarem no poder, com alternância de nomes mas manutenção da política miserável do “toma lá dá cá”.
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