Está semana tive o privilégio de participar de um bate papo entre um político e
um empresário, falamos de política nacional, estadual e local, falamos ainda da
crise política e econômica de impeachment, analisando tudo isso sobre vários
aspectos. Contudo, uma parte do diálogo entre os dois (o político e o
empresário) me chamou atenção, pois se desenvolveu nos seguintes temas:
O empresário reclamava das dificuldades de obter seus produtos,
da pesada carga tributária, da falta de apoio dos
órgãos governamentais, afirmava que não nos interiores não se consegue mais
ninguém para limpar um quintal por R$ 10,00, porque os programas sociais do
governo federal....
Por outro lado, o político que também é empresário reclamava que
antigamente os trabalhadores trabalhavam de sol a sol por um salário fixo, e
agora se passar uma hora do horário de contrato, querem receber horas extras e
outros direitos trabalhistas e que a lei trabalhista protege demais o empregado
nas condições em que o País se encontra o empresário não aguenta....
Enquanto isto eu que havia me calado por um instante me vi
assistindo aquele dueto de reclamações que sempre recaia sobre direitos criados
para assegurar um mínimo de garantias e igualdade a grande maioria população
brasileira, que geralmente são os explorados nas relações trabalhistas e
empresariais.
Estava eu em meio a uma pauta reivindicatória contra direitos
sociais que foram obtidos no decorrer de décadas de lutas, muita opressão,
derramamentos de sangue e até mortes. Foi então que não resisti e perguntei:
Senhores e no meio de todo esse debate não entra a corrupção e os desvios de
dinheiro público? Será que se acabássemos com esta prática maléfica para a
sociedade em geral não teríamos dinheiro suficiente para resolver todos estes
problemas?
Então eles meio sem jeito responderam que eram contra a
corrupção e queriam que ela acabasse, e um deles foi mais profundo queria que
os corruptos fossem para a cadeia. E aqui o papo encerrou com cada um indo para
um lado.
Com isso cheguei à conclusão de que estes dois senhores na
verdade não debatem sobre a CORRUPÇÃO com a mesma ênfase e riqueza de detalhe
com que o fizeram em relação aos direitos sociais e trabalhistas que visam
garantir um mínimo de dignidade a maioria da população brasileira, exatamente
porque de uma forma ou de outra, seja direta ou indiretamente tanto os
empresários quanto os políticos são beneficiados por ela.
Seguindo essa linha
de diálogo que acabo de relatar, e verificando a forma como os fatos são
transformados em notícia e a influência da mídia sobre a população que tem
nesta uma segunda "bíblia sagrada", seja por falta de conhecimento ou
no mínimo por falta de interesse em obter este conhecimento em relação a real
história política brasileira, fica fácil saber a quem verdadeiramente interessa
o impeachment de um Presidente da República democraticamente eleito segundo os
preceitos legais e a vontade popular
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