Geralmente
quando determinado projeto, programa ou ação do poder público deixa de ser
executado, vem logo as seguintes afirmações: “... não
fizeram porque não quiseram, mas já estava previsto no orçamento...”
ou ainda: “...
o dinheiro estava no orçamento, se não
fizeram é porque desviaram...”. Claro que a maioria dos cidadãos
- até mesmo pela falta de interesses nas questões técnicas que envolvem a administração
pública -, dificilmente saberão ou lhes interessa distinguir entre o que seria uma
Previsão
Orçamentária e um Orçamento Efetivamente Arrecadado.
E
é neste ponto que entram pessoas maliciosas, movidas por interesses outros que
não bem-estar da coletividade, aproveitam-se desta falta de interesses dos cidadãos,
e mesmo conhecendo perfeitamente essa diferença, optam por discursos populistas,
ignoram as questões técnicas, passando a desinformar a população com o objetivo
- muitas vezes alcançados - de levando erroneamente a crer que não existe
distinção entre um e outro. É a partir destas desinformações que frases como as
destacadas no início desta matéria são colocadas como verdades absoluta.
Então,
para tentar trazer um pouco de luz a essa questão, podemos afirmar que a Previsão
Orçamentária está contida na Lei Orçamentária Anual, assim, como as Estimativas
de Despesas, que conceitualmente falando, trata-se de um texto legal
encaminhado pelo chefe do poder executivo - prefeitos, governadores e
presidentes da república - a ser aprovado pelos respectivos poderes legislativos.
No qual está contida a Previsão das Receitas,
ou seja, os recursos que o ente público pretende arrecadas e a Estimativa de Despesas, que nada mais é do que
o que o ente pretende gastar para com execução e administração dos serviços e
obras voltados para os cidadãos.
Ocorre, que mesmo sendo a Lei Orçamentária
Anual - LOA elaborada obedecendo a estudos e critérios técnicos, que dentre os
quais a análise dos orçamentos executados nos três anos antecedentes, não deixa
de ser uma previsão
e, portanto, sujeita as oscilações da economia, que afetam diretamente à
execução orçamentária da União, que por sua vez é responsável pela
redistribuição dos impostos e outros recursos e repasses que compõem a maior
parte dos orçamentos dos estados e municípios brasileiros.
Exemplo
disso foi as medidas adotadas pelo governo federal após a queda do PT, como por
exemplo, o congelamento por vinte anos dos recursos e investimentos voltados
para a saúde, assistência social e educação. Certamente esta medida, somada a
todas as outras que vem sendo implementadas e a perda do poder aquisitivo da
maioria dos brasileiros que ganham salário mínimo, refletirão diretamente nas
questões orçamentárias, e caso não haja uma mudança radical nesta política de
retrocessos, por certo a longo e médio e longo prazo os orçamentos públicos
tendem a ficar cada vez mais achatados, reduzindo de forma radical os investimentos
em áreas sociais.
Para
ilustrar o que afirmei acima estou disponibilizando um estudo que fiz a partir
de informações disponíveis no site do Tribunal de Contas do Estado do Ceará, em
relação a Previsão Orçamentária e o Orçamento Efetivamente Arrecadado entre
os anos 2012 a 2017 do município de Maracanaú, no qual pode-se notar uma
variação negativa que oscila entre -6% (menos seis por cento) e -18% (menos
dezoito por cento), com uma média negativa de -11,37% (menos onze inteiros e zero trinta e sete por
cento) no período.
Alguns
podem até afirmar que uma redução de R$ 137.042.620,18 em um orçamento de R$
740.323.150,00 como ocorreu em 2015, nada significa, entretanto, ao analisamos a
execução das despesas, percebemos o programa de educação básica por exemplo, que
tinha fixado as despesas na ordem de R$ 209.854.150,00, naquele período, até o
final da execução do orçamento, foram empenhados apenas R$ 180.932.444,99 representado
uma redução de -13,78% entre a despesa estimada e a empenhada. ou ainda na estimativa
de despesas com a assistência a criança e ao adolescente que teve uma redução
de quase 56% entre a despesa prevista e a empenhada. Estes são apenas alguns
exemplos que demonstra o quão importante é diferenciar Orçamento Previsto e Orçamento Arrecadado, conforme pode ser
constatado nas imagens constantes desta matéria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário