Atribuída falsamente a obra “O Príncipe do filósofo
Florentino Niccolò di Bernardo dei Machiavelli - Nicolau Maquiavel - a frase “os
fins justificam os meios” tem gerado grandes debates no meio político,
empresarial e principalmente nos debates ideológicos do certo e do errado, do
ético e aético, do moral e amoral. Contudo, neste caso específico, em primeiro
lugar a frase nunca foi citada por aquele pensador, pelo menos em sua obra “O
Príncipe”. Na verdade, Maquiavel que foi um grande defensor de um estado forte e
soberano afirmou sua obra que: “...o governante deve agir segundo a moral sempre que possível, mas deve
infringi-la somente quando for isso necessário para a manutenção do
poder...”.
Deste modo, assim como na Obra “A Arte da
Guerra” onde Sun Tzu, trouxe ideia e conceitos para que um comandante obtenha sucesso
no fronte de batalha - filosofia esta que posteriormente foi readaptada aos
conceitos políticos, empresariais e táticas de lideranças, dentre outras - a
ideia de Maquiavel com a obra “O Príncipe” foi criar conceitos e estratégias que
fortalecessem o Estado que pelo menos em tese fora criado para representar e defender
os interesses do povo. Por isso mesmo não se pode olvidar que para defender os
interesses de seus cidadãos, o Estado precisa ser forte, autônomo e independente
em relação as potências estrangeiras e até mesmo contra eventuais inimigos
internos.
Assim, igualmente aquela brincadeira na qual se
testa a eficiência da comunicação verbal, formando uma roda de pessoas e
cochichando uma frase no ouvido da que está ao lado, para que ela repasse
adiante, e assim sucessivamente, até que retorne a origem, quando o resultado
geralmente difere totalmente da frase inicialmente proferida. Na verdade, a frase
“...os fins justificam os meios...” erroneamente atribuída à Maquiavel, originou-se
de uma interpretação destoante do propósito real da obra “O Príncipe” que seria
o fortalecimento do Estado e usada conforme os critérios ideológicos e a conveniência
de cada leitor, para justificar suas críticas. Entretanto, supondo que a frase fosse
verdadeira, não significa necessariamente que ela fosse “maquiavélica” neste
caso no sentido de malefício e não do autor de O Príncipe. O modo como fosse
aplicada é que a conceituaria como sendo “do bem” ou “do mal”.
Para melhor compreensão do que foi dito acima, tentarei
segundo minhas convicções demonstrar no campo político, um exemplo de uso moral
e outro amoral da expressão os fins justificam os meios: Acredito ser AMORAL o
caso de um candidato que percebendo o risco de perder as eleições, sem qualquer
prévia comunicação, despreza seus atuais alados e busca o apoio de antigos
aliados, com os disputou acirrado processo eleitoral e foi derrotado. Notem que
neste caso os fins foram o proveito pessoal e a busca pessoal pelo poder, e
para tanto o meio utilizado para justificar esse fim foi alianças e acordos de conveniência,
no verdadeiro vai-e-vem fazendo dos aliados de hoje os adversários de amanhã e
dos adversários de ontem os aliados de hoje.
Ao meu sentir MORAL é a situação na qual um
governante, mesmo contrariando os interesses pessoais de alguns aliados, em
nome do crescimento da cidade, estado ou país que governa, e consequentemente
do bem-estar de seus governados, ignora situações políticas partidárias ocasionais,
visando exclusivamente a busca dos meios necessários a implementação dos meios financeiros
necessários à garantia de políticas públicas que irão beneficiar diretamente a
cidade e seus cidadãos,
Neste caso o
governante não buscou como fim o proveito pessoal, mas em nome do bem comum da
coletividade, e mesmo contrariando interesses internos, usou os meios necessários
para buscar externamente as condições propícias ao desenvolvimento da
coletividade, aqui os fins justificam moralmente os meios. Assim, conforme
disse o Vulcano Spock em um dos episódios de Jornada Nas Estrela - “A Ira de Khan
- “A lógica
diz que a necessidade de muitos se sobrepõe à necessidade de poucos, ou de um
só.” A
meu ver este é um pensamento da ficção que deveria ser perfeitamente aplicado a
vida real. Quero com isso dizer que se for em nome do bem comum da maioria, certamente,
os fins justificam os meios.
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